
Por George Marques*
Indicado fora da lista tríplice da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), tradição esta que foi seguida nos governos petistas, o procurador-geral Augusto Aras tem se mostrado um verdadeiro advogado de Bolsonaro, quando deveria se portar como chefe do MPF (Ministério Público Federal). Não é necessário provas cabais para que ele apresente denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra o presidente, mas os indícios já presentes são inequívocos.
Como bem lembrou o jurista Walter Maierovitch à CBN nesta quinta (14/5/20), Aras não pode garantir a Bolsonaro a impunidade; mas se o fizer o Senado Federal deverá abrir processo conta o PGR a fim de dar um cartão vermelho a ele, vide o artigo 52, inciso XI da Constituição Federal: exoneração de ofício antes do término do mandato.
Há elementos claros que Bolsonaro abusou do poder ao patrocinar interesse privado mediante à administração pública, valendo-se para isso da condição de Presidente da República. A esse comportamento o Código Penal chama de crime de advocacia administrativa, como por exemplo quando trocou o superintendente da polícia federal do Rio de Janeiro a fim de evitar que a investigação atingisse seus filhos.
Ou de quando ameaçou trocar toda a cúpula da PF, inclusive o ministro da Justiça, Sérgio Moro, caso seu desejo não fosse atendido, fala inclusive, segundo fontes que tiveram acesso ao vídeo, registradas na famosa reunião de 22 de abril.
Resta a Celso de Mello apenas um caminho: publicizar TODO o vídeo da reunião entre Bolsonaro e Moro a fim de que não reste nenhuma dúvida sobre as reais motivações do presidente ao trocar a chefia da Polícia Federal do Rio de Janeiro.
George Marques é jornalista, editor-chefe do Socialismo Criativo, Relações Públicas, especialista em comunicação pública, comunicação política no legislativo. Foi indicado ao Prêmio Comunique-se de Jornalismo.