
O candidato ao Governo de Pernambuco pelo PSB, Danilo Cabral, disse em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato que a posição de seu partido na votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016 foi um “equívoco”. Nas eleições deste ano, Danilo tem o apoio oficial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e trouxe novamente o assunto à tona, seis anos depois, em função das críticas que tem recebido a respeito.
O socialista foi o primeiro entrevistado da série de entrevistas do Brasil de Fato com os candidatos ao governo de Pernambuco e falou sobre temas como o programa de estímulo ao emprego aos trabalhadores da iniciativa privada e prometeu, entre outras coisas, a abertura de 11 CEASA’s no interior do Estado.
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“O PSB já se posicionou sobre isso (impeachment), através do nosso presidente Carlos Siqueira. A posição que nós tivemos foi errada. Mas sou filiado ao PSB há 32 anos e sou disciplinado. Já tive embates em que minha posição foi derrotada, mas estou no partido em função de um projeto político, não um projeto pessoal. Tem gente que quando sofre derrotas dentro do partido, já sai para outro partido, achando que só o caminho dela pode prevalecer”, disse.
Apesar do voto, Cabral lembrou que no Congresso Nacional fez oposição “ferrenha” ao governo Temer. “Votei contra a reforma trabalhista, a da previdência, a PEC do Teto de Gastos, contra as privatizações, sou presidente das frentes parlamentares em defesa da Chesf e da Assistência Social, sou da comissão da educação, vice na comissão do Fundeb. Essas são minhas posições. Tivemos um equívoco claro lá atrás, foi um erro, mas veja o que fizemos desde lá”, pontuou.
O socialista falou sobre o momento atual e a necessidade de criar unidade em torno da candidatura da chapa Lula-Alckmin. “Neste momento temos uma compreensão de que precisamos construir uma unidade verdadeira. ‘Unir os divergentes para enfrentar os antagônicos’, como disse o presidente Lula, citando Paulo Freire”, disse.
Fome, desemprego, contas públicas e reforma agrária
Ao falar da ampliação do programa “Tá na mesa”, Danilo Cabral afirma que o combate a fome é a medida mais urgente. “Nós vamos criar em Pernambuco a maior rede de proteção e segurança alimentar do Nordeste. No programa “Tá na mesa” eu quero fazer chegar a todos os 184 municípios de Pernambuco um dos dois equipamentos”, disse.
Falou também sobre o investimento de R$15 bilhões só com receitas próprias e captação de empréstimos, “já que o estado está numa situação equilibrada do ponto de vista fiscal. Além disso, há recursos federais que o presidente Lula pode enviar. Isso vai atrair novas empresas e gerar novos empregos.”
“E qual será o nosso estímulo direto para quem quer empreender? Vamos criar um programa chamado “Emprego Novo”: eu vou dividir a conta de qualquer novo posto de trabalho criado por qualquer setor da economia, em qualquer região do estado. Se você abrir um novo posto de trabalho – não vale substituição -, você vai receber de R$600 a R$1 mil, a depender do tempo mínimo que você pretende manter o trabalhador na empresa. É uma forma de estimular o empreendedor que está com dificuldades”, completou.
Sobre as contas públicas, Cabral destacou o legado do governo Paulo Câmara (PSB). “Ele passou um período com muita dificuldade, sem ajuda federal. A Secretaria do Tesouro Nacional avalia o nível de endividamento dos estados e sua capacidade de gasto. Pernambuco está com ranking B, o que nos permite fazer investimentos de até 8% da nossa receita corrente líquida. Como temos R$30 bilhões de receita corrente líquida, 8% dá R$2 bilhões e 400 mil mais ou menos. Então faremos esse duplo movimento: de reequilibrar a carga tributária e investir nas ações estruturantes.”
Danilo destacou também sobre reforma agrária e distribuição de terras no Brasil e em Pernambuco. “Temos que ter a capacidade de dialogar. Já procurei todos os movimentos sociais ligados à questão do campo: como o Movimento dos Sem Terra (MST), a Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Pernambuco (Fetape)… esses movimentos sabem que podem encontrar no nosso governo um canal de diálogo.”