
Pesquisa Quaest, especialista em análise de dados, realizada entre os dias 25 e 26 de abril, mostra uma queda significativa na aprovação do presidente Jair Bolsonaro. Na comparação com a apuração feita na semana passada, a imagem do presidente e de seu governo piorou muito.
Caiu de 31% para 20% os que consideram que o presidente tem atuação boa ou ótima. Enquanto subiu de 45% para 48% os que atribuem ao presidente avaliação ruim ou péssima – os números são os menores e o maior da série histórica, respectivamente.
Também chama atenção que subiu de 41% para 50% os brasileiros que acham que o governo Bolsonaro é pior do que se esperava, enquanto caiu de 17% para 13% os que acreditam que o governo os surpreende positivamente.
Rejeição
A maior rejeição a Bolsonaro não é mais segmentada, todos os estratos sócio-demográficos (sexo, idade, escolaridade e renda) avaliam mal o presidente.
Chama atenção, no entanto, o aumento exponencial de rejeição nas regiões sudeste (de 41% para 48% de negativo) e sul (de 42% para 51% de negativo). Até mesmo os evangélicos, que se mostraram leais ao presidente nesses 16 primeiros meses de governo passaram a rejeitar o trabalho de Bolsonaro.
Enquanto 28% dos evangélicos tem avaliação positiva, 35% avaliam o trabalho do presidente como ruim ou péssimo. Entre os católicos, 48% rejeitam o trabalho do presidente.
Essa mudança de avaliação está associada a dois eventos, ambos de responsabilidade do presidente: 1) a condução da crise do COVID-19 e 2) a saída de Moro do governo.
Para 61% dos entrevistados, Bolsonaro não tem feito um bom trabalho no combate ao COVID-19. Esse percentual é explicado pelo fato de que a maioria dos brasileiros pensa diferente do presidente.
Enquanto o mandatário afirma que a pandemia não passa de uma ‘gripezinha’, 65% dos entrevistados diz estar com mais medo de pegar o vírus e não conseguir tratamento, a sofrer com as consequências econômicas advindas da crise.
Enquanto o presidente defende a reabertura da economia e o fim do isolamento social, 60% dos entrevistados manteriam o isolamento geral da população e 48% o comércio fechado até o surto passar.
Saída de Moro
A Quaest avaliou também a reação da população quanto à saída de Moro do governo e como os brasileiros avaliaram o posicionamento e o discurso do presidente. Para 66% dos brasileiros, Moro agiu certo ao pedir demissão do governo.
As justificativas apontadas por Moro para a saída são verdadeiras para 61% dos brasileiros. E 76% dos entrevistados acha que a saída de Moro do governo enfraquece o presidente.
Confirmando o estrago feito por Moro em Bolsonaro, apenas 10% dos entrevistados acreditam totalmente no que Bolsonaro alegou em seu discurso. Quando comparados diretamente, Moro tem larga vantagem. Considerando a guerra de versões entre os dois, 13% acreditam mais no presidente, 45% acreditam mais em Moro e 28% não acreditam em nenhum dos dois.
Impeachment
A pesquisa também avaliou como a população reagiria se um pedido de impeachment fosse apresentado: 51% dos entrevistados concordam se um partido de oposição apresentasse um pedido de impeachment contra o presidente e 50% afirmam ser favorável a um impeachment imediatamente.
Entre os entrevistados de direita, 33% são favoráveis ao impeachment, entre os entrevistados de centro, o apoio ao impeachment chega a 53% e na esquerda a 77%.
A pesquisa mostra que o PSB acertou ao não se omitir e se posicionar favorável a um processo de impeachment. Por um lado, a grande maioria acredita nas alegações de Moro contra o presidente, o que justifica formalmente o pedido. Por outro, a maioria dos eleitores de centro e de esquerda desejam que o presidente sofra um impeachment.
Essa posição, no entanto, não pode ser radical. Entre os entrevistados, há um grande receio de um militar assumindo a presidência.
Por exemplo, 59% dos entrevistados vê como arriscado ou muito arriscado que um governo seja composto integralmente por militares de carreira.
Diante de um eventual impeachment de Bolsonaro, apenas 26% avaliam positivamente que Mourão assuma a presidência. Entre os eleitores de esquerda, apenas 10% acham bom, e entre os de centro, apenas 18% não veem problema nele assumir a presidência. Apenas na direita não há resistência em relação ao seu nome: 42% avaliam positivamente a possibilidade de Mourão assumir a presidência após um impeachment.
Expectativas sobre o Brasil
A pesquisa também avaliou como os brasileiros estão se sentindo no momento. Entre os entrevistados, 76% se dizem preocupados com o futuro do país, 81% acreditam que o Brasil está parado ou piorando, e 54% avaliam que o país está no rumo errado.
Metodologia
A pesquisa entrevistou 1.000 pessoas em 89 cidades de todos os estados e no DF. A coleta foi feita por meio de um painel digital proprietário da Quaest entre os dias 25 e 26 de abril. A amostra é representativa da população brasileira, e nos segmentos de sexo, idade, escolaridade, renda e região. A confiabilidade da pesquisa é de 95% e a margem de erro é de 3%.