
Um novo estudo divulgado pela Oxfam – Lucrando com a dor – mostra que o aumento da riqueza dos super ricos acontece praticamente na mesma velocidade em que milhões de pessoas são empurradas para a pobreza extrema. Junto a esse seleto grupo, grandes empresas de setores estratégicos que faturaram alto durante a pandemia da covid.
O padrão se repete ao redor do planeta e, pelos cálculos da organização, o mundo poderá ter 1 milhão de pessoas empurradas para a pobreza extrema a cada 33 horas, em 2022. Quase a mesma velocidade do surgimento de novos bilionários durante a pandemia – um a cada 30 horas.
A riqueza total dos bilionários do mundo é hoje equivalente a 13,9% do PIB global – quase três vezes maior do que o verificado em 2000 (4,4%), pontua o estudo.
Os 2.668 bilionários do mundo hoje – 573 a mais que em 2020 — têm uma fortuna que chega a US$ 12,7 trilhões, um aumento de US$ 3,78 trilhões em relação a março de 2020.
“O aumento das fortunas de um pequeno grupo de pessoas enquanto a maioria da população do mundo enfrenta o drama da fome, falta de acesso à saúde e à educação, falta de perspectiva de vida, é aviltante. Os valores humanos estão escorrendo pelo ralo dos privilégios e da concentração de renda, riqueza e poder”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.
Grandes empresas de áreas estratégicas de energia, alimentação, tecnologia e medicamentos acumularam lucros enquanto salários estagnaram e alta dos preços corroeu o poder de compra dos trabalhadores até em produtos básicos.
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Taxação de super ricos
A Oxfam recomenda a cobrança de taxas sobre “lucros extraordinários dos bilionários para financiar apoio às pessoas que enfrentam os altos custos de energia e alimentação pelo mundo, bem como uma recuperação justa e sustentável da pandemia. ”
A organização cita a Argentina, que adotou uma taxação especial, o imposto dos milionários, e estudo nova taxação sobre os lucros de empresas de energia, além de bens não declarados fora do país, para pagar a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Somado a isso, a Oxfam defende a necessidade de acabar com o lucro sobre a crise por meio de imposto temporário sobre lucro excedente de 90% das grandes corporações.
“A Oxfam estima que, se aplicado às 32 empresas que mais lucraram em 2020, esse novo imposto poderia gerar US$ 104 bilhões”, afirma a organização.
PSB defende taxação de grandes fortunas
Entre as ações imprescindíveis para ajudar a reduzir as desigualdades no país defendidas pelo PSB está a taxação de grandes fortunas, que faz parte da Reforma Fiscal e Tributária defendida pelos socialistas.
O intuito é reduzir a cobrança de impostos sobre consumo e aumentar os impostos sobre a renda dos mais ricos. Atualmente, ocorre justamente o contrário com os mais pobres pagando proporcionalmente mais do que os mais ricos.
“O PSB atribui um sentido social ao ato arrecadatório. Significa assegurar uma boa prática fiscal, orientada por sistemas que simplifiquem os processos arrecadatórios – produzam um avanço na direção da construção de um Estado de Bem-estar Social”, afirmam os socialistas no documento.
Confira os principais trechos do estudo:
Energia: Cinco das maiores empresas de energia – BP, Shell, TotalEnergies, Exxon e Chevron – tiveram US$ 82 bilhões de lucro em 2021 – cerca de US$ 2.600 a cada segundo. Nesse ano, essas empresas pagaram US$ 51 bilhões de dividendos a seus acionistas. Isso significa que 63% de seu lucro líquido foi diretamente para os acionistas.
Alimentos: Os bilionários desse setor tiveram sua riqueza coletiva aumentada em US$ 382 bilhões nos últimos dois anos – um aumento de 45%. Durante a pandemia 62 novos bilionários surgiram no setor. Juntamente com apenas outras três empresas, a família Cargill controla 70% do mercado agrícola global. Em 2021, a Cargill conseguiu seu maior lucro na história – US$ 5 bilhões – e deve bater essa marca em 2022. A família Cargill, sozinha, tem mais de 12 bilionários – eram 8 antes da pandemia.
Medicamentos: A pandemia ajudou a criar 40 novos bilionários na indústria farmacêutica. Empresas como Moderna e Pfizer estão lucrando US$ 1.000 a cada segundo graças ao monopólio que têm sobre as vacinas de Covid-19, apesar de o desenvolvimento desses medicamentos ter sido financiado com bilhões de dólares de dinheiro público. Essas empresas cobram dos governos valores até 24 vezes maiores do que o custo de produção desses remédios.
Tecnologia: A indústria do setor produziu alguns dos homens mais ricos do mundo. Cinco das 21 maiores empresas existentes hoje são companhias de tecnologia – Apple, Microsoft, Tesla, Amazon e Alphabet. Essas cinco empresas lucraram US$ 271 bilhões em 2021, quase o dobro do resultado obtido em 2019, antes da pandemia.
Concentração de riqueza:
• Os 10 homens mais ricos do mundo têm mais riqueza do que a combinação de 40% da população mais pobre (equivalente a 3,1 bilhões de pessoas).
• A riqueza dos 20 maiores bilionários do mundo é mais alta do que o PIB de todos os países localizados na região da África Subsaariana.
• Um trabalhador médio que está entre os 50% mais pobres da população mundial teria que trabalhar 112 anos para ganhar o que alguém que está no topo da pirâmide recebe em apenas 1 ano.