
A guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro após a invasão e os bombardeios promovidos pela Rússia, já se tornou o mais expressivo conflito armado da Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Nesse um mês de tragédias, alguns fatos impressionantes e chocantes chamaram a atenção do planeta, já desacostumado a combates de larga escala nos últimos anos. Confira:
1 – Supremacia russa nos céus
A invasão e ataque promovidos pela Rússia contra o território ucraniano praticamente destruiu todo o aparato militar constituído por Kiev em décadas em apenas 36 horas. Após o anúncio da ação por Vladimir Putin, entraram em cena dois protagonistas do poderio bélico de Moscou: a aviação de guerra e os mísseis balísticos e foguetes com precisão apurada.
Ainda que não se saiba exatamente quais aeronaves estão sendo usadas nos ataques, a Rússia conta com modelos dos mais modernos em operação no mundo e com altíssima capacidade de destruição. Veja alguns dos principais modelos de aviões militares que estão à disposição do Kremlin e que garantiram a campanha avassaladora desfechada contra a Ucrânia.
2 – Teria sido usado o poderoso Su-57?
Um vídeo divulgado amplamente nas redes sociais mostra o que seria o sobrevoo no norte da Ucrânia, na localidade de Zhytomyr, de um caça Su-57, o mais novo, moderno e avassalador avião de combate da Rússia, com tecnologia ‘stealth’, que faz do aparelho um ‘fantasma’, dificilmente detectado pelos radares inimigos. O Kremlin não confirmou o uso da aeronave furtiva na guerra iniciada pelo país em 24 de fevereiro e especialistas afirmam não ser possível confirmar se o avião das imagens é o temido caça, embora pareça.
Até agora, militares de todo mundo tinham dúvidas sobre a possibilidade de Moscou colocar em uso a sua joia máxima das forças armadas, que foi integrada ao arsenal comandado por Vladimir Putin em 2020. Os motivos que levaram analistas a não acreditarem no emprego do Su-57 são muitos.
3 – A “isca” usada pelos russos para furar as defesas aéreas ucranianas
A Rússia passou a usar um dispositivo que desorienta e torna ineficazes os radares e baterias antiaéreas da Ucrânia durante seus ataques com mísseis balísticos, o que assustou os militares e agentes dos serviços de inteligência dos EUA e de países da Otan.
A técnica consiste em liberar uma “chuva” de foguetes pequenos, com pouco mais de 30 centímetros, equipados com emissores de radiofrequência e focos de calor, que embaralham e confundem os radares inimigos, abrindo caminho para que na sequência os poderosos mísseis Iskander atinjam seus alvos estabelecidos, tornando o sistema de defesa antimísseis ucraniano praticamente nulo.
4 – Míssil hipersônico muda o que entendemos por guerra
Após a confirmação da Rússia, no último sábado (19), de que mísseis hipersônicos foram usados na Ucrânia, o mundo se viu diante de uma nova era no que diz respeito às modernas e tecnológicas armas utilizadas por militares de vários países, especialmente pelas grandes potências. Não que a existência desse tipo artefato fosse desconhecida, pelo contrário. É que agora ele foi usado num conflito real e seu desempenho é algo que mudará para sempre o que entendemos por guerra.
Um míssil hipersônico, dependendo do modelo e da tecnologia empregada, voa para seu alvo com uma assustadora velocidade que vai de cinco a dez vezes a velocidade do som (6.130 km/h a 12.348 km/h). Se não bastasse ser tão rápido a ponto de surpreender qualquer defesa aérea inimiga, eles são manobráveis, ou seja, não têm uma rota definida e previsível como os mísseis convencionais, podendo mudar de trajetória, fazer curva, desviar de possíveis obstáculos, virar à direita, à esquerda, enfim. Muitos mísseis de cruzeiro, como o famoso Tomahawk dos EUA, são guiados e podem se orientar por GPS para alterar suas rotas, só que eles voam a uma velocidade subsônica, ou seja, a menos de 1.234,8 km/h.
5 – A simplicidade mortal do drone “tosco” da Ucrânia
A Rússia tem um dos exércitos mais poderosos e vitoriosos do mundo. Sua força aérea possuiu milhares de aviões, helicópteros, drones e mísseis balísticos, muitos com tecnologia de ponta e que assustam até os EUA. No entanto, um inimigo feioso e aparentemente “tosco” tem tirado o sono de Moscou depois da invasão da Ucrânia: o “Punisher Drone”.
O aviãozinho magricela não tripulado a serviço de Kiev, que carrega uma única bomba na parte inferior de sua estrutura, segundo analistas militares que acompanham de perto o desenrolar da Guerra na Ucrânia, tem destruído várias posições russas em solo, apavorando colunas de tanques, comboio blindados e tropas acampadas que aguardam instruções para avançar.
6 – Os “drones kamikazes” ganham protagonismo na guerra
Nos últimos dias, quem acompanha o desenrolar da guerra na Ucrânia deve ter ouvido falar de um termo até então pouco comum para maior parte das pessoas: “drone kamikaze”. Só para lembrar, os kamikazes eram os pilotos de guerra japoneses que atiravam o próprio avião contra alvos inimigos, sacrificando suas vidas para atingir tropas, bases ou navios contra os quais lutava.
Para entender o termo é apenas necessário juntar as duas palavras. A diferença é que não há uma vida humana embarcada no drone militar, portanto, ele se destrói contra um alvo, não será mais utilizado, até porque virará cinzas, e seu operador fica vivo a quilômetros de distância da explosão. A diferença para o drone convencional é óbvia, já que ele ataca o inimigo e retorna para a base.
7 – Medo de uma tragédia nuclear como em Chernobyl
A usina nuclear de Chernobyl, localizada na Ucrânia, foi palco do maior acidente atômico da História, em 1986, quando aquele estado era parte da União Soviética. Um de seus quatro reatores ficou instável por razões técnicas e operacionais e acabou explodindo, liberando uma imensa carga radioativa na atmosfera e deixando um rastro de contaminação por vários pontos da Europa a partir da madrugada de 26 de abril daquele ano.
Décadas depois, a área segue supercontaminada, a carcaça do reator n°4 coberta por um sarcófago metálico e centenas de milhares de casos de câncer, especialmente de tireoide, ocorreram em inúmeros pontos do velho continente, levantando suspeitas de que possam ter sido causados pela radiação liberada, visto que os doentes se apresentam em áreas justamente por onde a “nuvem” radioativa se moveu, e isso inclui regiões distantes, como a Europa Ocidental, ilhas do Mar Mediterrâneo e o norte da Escandinávia, de acordo com pesquisas científicas realizadas em universidades europeias e dos EUA.
Uma usina como Zaporizhzhya, se tiver seus reatores atacados com mísseis, foguetes ou artilharia pesada, poderia causar uma tragédia muito pior que Chernobyl, podendo ser até dez vezes mais destrutiva, já que no caso da antiga usina soviética apenas um reator dos quatro foi detonado acidentalmente, enquanto que em Zaporizhzhya há seis reatores e cada um deles com potência até 25% maior que os reatores de Chernobyl.
8 – Uma batalha de tanques transmitida em detalhes
Um drone militar da Ucrânia filmou um acontecimento comum em guerras, mas extremamente raro em termos de registros: uma batalha de tanques. Os blindados russos e ucranianos se enfrentaram na localidade de Brovary, a nordeste de Kiev, e o resultado das imagens impressionantes foi a morte do comandante da coluna invasora, o coronel Zakharov, oficial que, segundo fontes militares ucranianas, era orientado diretamente por Moscou.
“O comandante do regimento de ocupação, coronel Zakharov, foi liquidado. Durante a batalha no distrito de Brovary, na região de Kiev, o grupo tático do batalhão (BTGr) do 6º regimento de tanques (Chebarkul) , da 90ª divisão de blindados do Comando Central sofreu perdas significativas de pessoal e equipamentos”, publicou o setor de Inteligência e Defesa do governo liderado por Volodymyr Zelensky no Twitter.
9 – O desespero do soldado russo com granadas nas mãos
Um oficial russo tentou fazer uma pequena multidão se render, na cidade ucraniana de Konotop, no leste do país invadido, segurando uma granada sem pino em cada mão, ameaçando explodir tudo ao seu redor, mas não teve sucesso. Ele apenas se livrou de ser pego pelas pessoas, que se afastaram por precaução, até entrar em uma picape e escapar. As informações são do diário britânico The Telegraph, que acrescentou que ele seria um “delegado” russo para tratar sobre a rendição da comunidade.
Nas imagens, gravadas com celulares por moradores da localidade, o homem fardado aparece de braços abertos, com um explosivo em cada mão, segurando-os bem firme, andando em meio à população e advertindo para que ninguém se aproxime. Os civis ucranianos não chegam a encostar nele, nem tentam rendê-lo, mas vão bem perto do soldado aparentemente o insultando. Há outros membros da tropa russa ao redor e um tanque também aparece momentos depois, embora não seja possível identificar o exército ao qual o blindado pertence. A versão da tentativa de rendição dos civis de Konotop foi dada após a checagem do periódico inglês com sede em Londres.
10 – Uma execução covarde e registrada para o mundo
Um drone capturou imagens de um civil rendido, com as mãos para o alto, sendo executado a tiros numa localidade nos arredores de Kiev, na tarde de terça-feira (15). As imagens mostram que o homem para o carro numa espécie de trevo de uma rodovia, desce do veículo com os braços levantados e, mesmo assim, é atingido por atiradores. Não é possível identificar pelas imagens quem são os assassinos, embora a imprensa alemã afirme serem tropas russas.
O operador do drone, um ucraniano civil que se identificou apenas pelo codinome Zanoza, deu entrevista ao site alemão ZDF Frontal Investigation e afirmou que monitorava as posições de colunas de tanques russos na região quando flagrou o morador parando o automóvel próximo de militares subordinados a Moscou, momento em que levantou as mãos para tentar se aproximar dos combatentes e foi atingido, caindo na frente do carro.
Por Henrique Rodrigues