
O negociador ucraniano Denis Kireyev foi detido e executado sem julgamento neste sábado (5) em Kiev. A prisão e morte teria ocorrido por suspeita de que ele mantinha contatos secretos com os russos. A notícia, divulgada pela imprensa da Ucrânia, contribui para aumentar a tensão entre os dois países e pode impactar na rodada de negociações prevista para amanhã (7).
O deputado ucraniano, Alexander Dubinski, disse que ele morreu ao ser preso sob acusação de traição ao governo. No entanto, não há como confirmar neste momento a real causa da execução. O que se sabe é que a morte de Kireyev revela o grau de desconfiança que toma conta da capital ucraniana, desde a invasão em 24 de fevereiro.
De acordo com jornalistas, nas ruas de Kiev todas as pessoas são tratadas como suspeitas. Há relatos de pessoas baleadas aleatoriamente, o que não foi confirmado. As forças russas cercam a capital ucraniana em busca de fechar um círculo pelo noroeste e nordeste do país.
Bombardeios ocorrem em diversos pontos desse entorno e o já conhecido comboio de 64 km de tanques de guerra segue estacionado a 25 km de kiev. Kireiev não foi identificado nas fotografias das duas rodadas de negociação já realizadas na semana passada na Belarus.
Kireyev estava na delegação ucraniana para conversações da Bielorrússia e desapareceu das fotos e das listas publicadas sobre a composição da equipe. Ele era uma personalidade do Ministério das Finanças, onde foi vice-diretor geral. Depois trabalhou para uma empresa austríaca e foi membro do Conselho Fiscal do banco Ukreximbank. De 2010 a 2014 foi vice-diretor de outro banco, o Oschadbank.
Para entender o conflito Rússia X Ucrânia:
Mesmo com a terceira rodada de negociações marcada para esta segunda-feira (7), não há expectativa de grandes avanços. O governo de Vladimir Putin quer que o presidente ucraniano Volodimir Zelenski pare de resistir à invasão, aceita desarmar o país e se comprometa em não aderir à Otan.
As tentativas frustradas de estabelecer corredores humanitários para retirar civis na Ucrânia aprofundou os conflitos. Os dois países se acusam mutuamente de realizar ataques durante as ações de evacuação.
Neste domingo, a invasão de Odessa, cidade que é o principal porto ucraniano no mar Negro, começa a tomar forma. A cidade está no alvo de forças russas à leste e um aeroporto que poderia servir de base de apoio aéreo a ela foi destruído.
Se dominar Odessa, Putin estabelece o controle sobre quase toda a costa do mar Negro e fecha o acesso ucraniano.