
O líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Marcelo Freixo (PSB-RJ), reagiu ao novo escândalo envolvendo o governo Bolsonaro. Quando ainda era ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello se reuniu com intermediadores que ofereceram doses da CoronaVac pelo triplo do preço. No contrato do governo federal com o Instituto Butantan, as doses saíram a US$ 10 dólares cada. Mas, na mão dos intermediadores recebidos pelo ex-ministro, seria US$ 28 por dose.
Marcelo Freixo critica Pazuello
Freixo escreveu em rede social que “Pazuello nunca passou de um fantoche de Bolsonaro no Ministério da Saúde”. O socialista ainda ressaltou que “Roubar dinheiro da vacina numa pandemia é assassinato em massa”, e que “é preciso investigar o presidente nessa negociação para comprar doses da CoronaVac pelo triplo do preço”.
Vídeo comprova negociação de Pazuello
A informação foi publicada em primeira mão pelo jornal Folha de S.Paulo. Um vídeo, em posse da CPI da Pandemia, e publicado pela Folha, registrou os momentos finais da reunião. Os intermediadores, de acordo com apurações da CPI da Pandemia, são de uma empresa de Santa Catarina. A reunião foi realizada em 11 de março.
No vídeo, Pazuello diz que um intermediador identificado como John levou ao governo a oferta de compra de 30 milhões de doses da CoronaVac. Pazuello diz também que o encontro terminava com um memorando de entendimento já assinado e o “compromisso” do ministério de fazer o negócio.
“Nós estamos aqui reunidos no Ministério da Saúde, recebendo comitiva liderada pelo John. Uma comitiva que veio tratar da possibilidade de nós comprarmos 30 milhões de doses, numa compra direta com o governo chinês. E já abre também uma nova possibilidade de termos mais doses e mais laboratórios. Vamos tratar na semana que vem. Mas saímos daqui hoje já com memorando de entendimento assinado e com o compromisso do ministério de celebrar, no mais curto prazo, o contrato”, afirmou o ministro no vídeo após a reunião.
Encontro contradiz fala de Pazuello na CPI
O encontro com intermediadores de vacina contradiz uma fala do próprio Pazuello na CPI. À comissão, o ex-ministro disse que não negociava diretamente a compra de vacinas. Ele foi questionado pelos senadores se havia participado da negociação da Pfizer.
” Eu sou o dirigente máximo, eu sou o decisor, eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo, não o ministro”.
Eduardo Pazuello
CPI vai convocar envolvidos
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que a comissão vai convocar todos os empresários que aparecem no vídeo.
“Estamos diante de um vídeo grave. Um governo, que não queria comprar a Coronavac, negociando com intermediários a compra da mesma vacina. E o ministro Pazuello disse na CPI que não negociava diretamente vacinas, que não cabia a ele, para tentar justificar a ausência de reuniões com a Pfizer, é um escândalo”.
Randolfe Rodrigues
Detalhes da negociação
De acordo com apurações da CPI da Pandemia, a carta de intenção de compra estava prestes a ser assinada, mas ficou pendente com a troca de Pazuello pelo ministro Marcelo Queiroga.
Metade do valor da compra seria paga na assinatura do contrato. Os intermediadores ficariam com comissão entre US$ 0,70 e 0,85.
Fora da agenda
A agenda oficial de Pazuello, divulgada pelo Ministério da Saúde, não registra o encontro com os intermediadores no dia 11 de março. Portanto, foi uma reunião fora da agenda.
No site do ministério, constam os seguintes compromissos para Pazuello naquele dia:
- 09h00-10h00: Agenda interna
- 10h00: Videoconferência sobre a vacina Sputnik V. Ministério da Saúde – Sala de Reuniões
- 15h00: Videoconferência com o deputado Toninho Wandscheer. Ministério da Saúde – Sala de Reuniões
- 17h00: Reunião com o senador Márcio Bittar. Ministério da Saúde.