
Na guerra especulativa para encontrar um culpado pelo surgimento do novo Coronavírus, não foram poucas as insinuações de que a China foi a criadora da doença.
Enquanto os Estados Unidos (EUA) e a China trocam acusações sobre o início da pandemia e até mesmo o Brasil vivencia uma crise diplomática após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) insinuar o mesmo, um grupo de cientistas conseguiu comprovar que o vírus é um produto da evolução natural.
Um estudo publicado no último dia 17 de março na Natural Medicine descarta hipóteses de que a Covid-19 foi criada por acidente ou de forma proposital, como arma biológica para controlar o crescimento da população mundial.
Coronavírus e outros doenças
O artigo científico aponta que o coronavírus formam um extenso grupo de agentes infecciosos responsáveis por vários tipos de doenças, algumas delas graves, como os surtos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que ocorreram na China, em 2003, e da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), registrados na Arábia Saudita, em 2012.
A partir de informações repassadas por autoridades chinesas à Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o surgimento da epidemia provocada pelo coronavírus, a sequência genética do agente foi decifrada por cientistas.
Com estes dados, uma equipe do Instituto de Investigação Scripps, nos EUA, analisou os padrões das proteínas com forma de espigão que existem na superfície do vírus – que dão a ele a forma de coroa.
Adaptação natural
As proteínas encontradas na estrutura têm uma espécie de gancho que se fixa à célula humana, atacando-a com moléculas que obrigam a célula se abrir, permitindo a entrada do material genético do vírus. Esse gancho já existia no vírus original, mas as comparações genéticas entre o novo coronavírus e os outros da mesma família comprovaram que o agente infeccioso evoluiu para atingir uma proteína que existe na superfície das células humanas como uma estratégia de adaptação natural.
“A proteína em espigão do SARS-CoV é tão eficaz na ligação às células humanas que os cientistas concluíram que era o resultado de seleção natural, não o produto da engenharia genética”, apontaram os autores do estudo.
Arma biológica?
Os cientistas sugerem ainda que se alguém tivesse tentado projetar um novo coronavírus para ser um agente patogênico, teria feito isto a partir de um “modelo” de vírus já adaptado ao ataque de células humanas.
A equipe concluiu também que a estrutura do novo coronavírus SARS-CoV-2 era diferente da verificada no vírus original, mas parecida com a estrutura de vírus presentes tanto em morcegos como em pangolins, mamíferos que vivem em zonas tropicais da Ásia e da África.
“Ao comparar as informações disponíveis na sequência genética conhecidas de coronavírus, podemos determinar firmemente que o SARS-CoV-2 surgiu a partir de processos naturais”, disse Kristian Andersen, professor de Imunologia e Microbiologia do instituto e um dos autores do estudo.
Possibilidades
Por fim, os cientistas ainda apontaram duas possibilidades para determinar a origem do vírus. No primeiro, o vírus evoluiu para seu estado patogênico atual por meio da seleção natural de um hospedeiro não humano e, então, passou para os seres humanos. No outro cenário, uma versão não patogênica do vírus saltou de um hospedeiro animal para o homem e depois evoluiu para seu estado patogênico atual na população humana.
Com informações do site Zap.