
Trabalhadores dos Correios avaliam que a privatização do serviço postal, prevista em projeto de lei do governo (PL 591/21), pode prejudicar o atendimento de municípios em áreas remotas e não garante tarifas baixas.
A avaliação foi feita durante audiência pública promovida pela Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara dos Deputados na sexta-feira (28).
Correios atendem todo o país
O vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios, Marcos César Silva, disse que apenas 324 das 11.542 agências dos Correios dão lucro porque o objetivo é atender todo o país. Ele questiona se uma empresa privada manteria essa estrutura que custa, segundo ele, R$ 6 bilhões por ano. Marcos afirmou que, no mundo todo, o serviço é majoritariamente público.
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Segundo ele, os Correios são correspondentes bancários e ajudam o governo na distribuição de vários itens como as provas do Enem e as urnas eletrônicas. Para Marcos César, a qualidade dos serviços é boa e um dos indícios é que os Correios estão na posição 32 do ranking de reclamações do Procon de São Paulo.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Amazonas, Luís Ribeiro de Almeida, disse que a importância do serviço público aparece em momentos como o atual, quando o estado sofre com as enchentes:
“Dos 62 municípios, já tem 58 alagados. E nós, funcionários dos Correios, estamos lá. Entregando a encomenda que chega, o remédio, o livro. Ou seja, as cidades debaixo da água, mas os Correios continuam lá.”
Luís Ribeiro de Almeida
Vender o Correios porque setor público está em crise
Representante do Ministério das Comunicações na audiência, Thiago Botelho disse que o setor precisa de R$ 2 bilhões de investimentos anuais, mas só consegue realizar cerca de R$ 300 milhões. Para ele, a concessão dos serviços traz dinheiro privado para o setor, já que o setor público está em crise.
“E naquela dinâmica já bem batida sobre o osso e o filé. Que os recursos do mercado competitivo, do filé, possam sustentar a questão do osso, que é fazer essa universalização. Isso garantido pelas metas de universalização impostas pela União”, disse.
Thiago Botelho explicou que o projeto de lei apenas institui um marco legal para o setor porque o último foi de 1978. Segundo ele, a decisão sobre a concessão dos serviços não será tomada agora. Ele explicou que os contratos garantiriam a universalização dos serviços. Thiago disse que a receita dos Correios caiu 40% entre 2015 e 2019.
Vários dirigentes criticaram o envio do projeto pelo governo durante a pandemia, o que, segundo eles, dificulta o debate.
Com informações da Agência Câmara