
O general e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pode ser enviado para a reserva após participar de uma manifestação a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no Rio de Janeiro, no último domingo (23). A informação foi confirmada por interlocutores próximos ao Comandante-Geral do Exército pelo site Congresso em Foco.
A decisão da punição foi tomada pelo comandante-geral do Exército, Paulo Sérgio Nogueira. Pazuello infringiu o artigo 45 do Estatuto Militar, que proíbe a participação de oficiais da ativa em atos políticos. A decisão, segundo as informações, é delicada, pois Bolsonaro poderia reverter a punição de Nogueira e criar uma crise com os militares.
O jornal Folha de S. Paulo também noticiou no domingo que generais da cúpula do Exército conversaram por telefone sobre o que ocorreu no Rio de Janeiro e dizem, em conversas reservadas, que Pazuello tomou uma “decisão descabida” e “enxergaram uma transgressão a normas básicas do Exército”.
A transferência de Eduardo Pazuello para a reserva é dada como certa, já que os integrantes do Alto Comando avaliam que a ida do general da ativa ao palanque político do presidente passa uma “mensagem negativa a patentes inferiores”.
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Socialistas criticam manifestação
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), reprovou a postura de Bolsonaro. “449 mil brasileiros mortos por covid não fizeram o presidente usar máscara”, comentou.
O deputado federal Eliaz Vaz (PSB-GO) criticou a participação de Pazuello na manifestação pró-governo. O parlamentar destacou a péssima atuação do general como ministro da Saúde e afirmou que ele deveria ser punido pelo Exército Brasileiro por descumprir o código militar.
O deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ) ironizou o motivo das celebrações da manifestação deste domingo. “O que comemoravam os MotoBois com Bolsovírus?”, escreveu.
CPI da Pandemia reage à atitude de Pazuello
Os senadores que integram o grupo majoritário da CPI da Pandemia também questionaram a participação do ex-ministro da Saúde, sem máscara, durante a aglomeração promovida por Bolsonaro. Para eles, o general, que prestou depoimento na última semana, fez uma “afronta à comissão”.
Na próxima quarta-feira (26), o presidente da CPI, o senador Omar Aziz (MDB-AM) vai votar novos requerimentos de convocações e a expectativa é que Eduardo Pazuello seja reconvocado a prestar depoimento.
“Motoqueiros do apocalipse”
Aziz também afirmou nesta segunda-feira (24), durante entrevista ao Uol, que a manifestação deste domingo, no Rio de Janeiro, pró-governo será documentada na comissão. Ele classificou os apoiadores que participaram do ato ao lado de Bolsonaro de “motoqueiros do apocalipse” e afirmou que “preencher o ego” do presidente “não vai salvar vidas”
Na semana passada, ao responder ao relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), Pazuello mentiu em diversos momentos, omitiu informações para blindar Bolsonaro e, indiretamente, trouxe a tona fatos que incriminam o presidente da República.
O senador Humberto Costa (PT-PE), membro da CPI, classificou como um “deboche” à população e um ato para tentar desmoralizar a CPI a aglomeração realizada no Rio de Janeiro.
Já o o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o ex-ministro da Saúde disse que o depoimento será somado ao ato de ontem. “O general Eduardo Pazuello fez hoje uma escolha de ser o primeiro personagem declaradamente indiciado da CPI.”
Com informações do Congresso em Foco, Folha de S. Paulo, Uol e Rede Brasil Atual