
O Brasil, por mais um dia, teve mais de 3 mil mortes pela Covid-19 em 24 horas. Foram 3.462 óbitos, nesta quarta-feira (14), com o registro de 75.998 novos casos. Enquanto o número de vítimas do coronavírus cresce, a revista científica Science aponta erros do governo brasileiro na resposta à pandemia.
Segundo os pesquisadores da prestigiada publicação científica, o fracasso do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) no combate à Covid-19 foi uma combinação perigosa de inação e falhas, como o uso de tratamentos sem eficácia comprovada e a falta de coordenação nacional entre os diferentes níveis de governo.
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O resultado das falhas da gestão da pandemia é que o país chegou a 362.180 óbitos pela Covid-19 e a 13.677.564 pessoas infectadas pela doença desde o início da crise sanitária. A média móvel de mortes, que permanece elevada (3.012 óbitos por dia), completa cinco dias acima de 3 mil e 25 dias acima de 2 mil. Os dados do país, coletados até às 20h, são do consórcio de imprensa com informações coletadas diariamente com as secretarias de Saúde estaduais.
Fracasso do Brasil no enfrentamento à Covid-19
A pesquisa da Science aponta que o fracasso em combater o vírus vai facilitar o surgimento de novas variantes, isolar ainda mais o Brasil como uma ameaça à saúde global e “levar a uma crise humanitária completamente evitável”.
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“No Brasil, a resposta federal foi uma combinação perigosa de inação e erros, incluindo a promoção da cloroquina como tratamento, apesar da falta de evidências científicas”, dizem os pesquisadores. A pesquisadora Márcia Castro, professora da escola de políticas públicas da Universidade Harvard, que participou do estudo, falou sobre como a falta de alinhamento político prejudicou o combate da pandemia no Brasil.
“Fica muito claro que em um contexto de extrema desigualdade social é absolutamente fundamental que a ação seja coordenada. E no caso do Brasil, seguindo o pacto da saúde que foi estabelecido com o SUS. A ação precisa ser coordenada de tal forma que municípios possam implementar um plano nacional, com apoio do estado e do governo federal.”
Márcia Castro, pesquisadora
5 motivos para a propagação da Covid-19 no Brasil
- O Brasil é grande e desigual, com disparidades em quantidade e qualidade de recursos de saúde (por exemplo, leitos hospitalares, médicos) e renda
- Uma densa rede urbana que conecta e influencia os municípios por meio de transporte, serviços e negócios não foi totalmente interrompida durante picos de casos ou mortes
- O alinhamento político entre governadores e presidente teve um papel no momento e na intensidade das medidas de distanciamento e a polarização politizou a pandemia com consequências para a adesão às ações de controle
- O SARS-CoV-2 estava circulando sem detecção no Brasil por mais de um mês, resultado da falta de vigilância genômica bem estruturada
- As cidades impuseram e relaxaram medidas em diferentes momentos, com base em critérios distintos, facilitando a propagação do vírus
Os pesquisadores fazem um apelo e pedem ações de medidas para tentar frear o vírus. “Sem contenção imediata, medidas coordenadas de vigilância epidemiológica e genômica e um esforço para vacinar o maior número de pessoas o mais rápido possível, a propagação da P.1 provavelmente vai emular o padrão mostrado aqui [no estudo], levando a uma perda de vidas inimaginável”.
Vacinação segue lenta
Até está quarta, foram aplicadas no total 33.078.114 doses de vacina (24.956.272 da primeira dose e 8.121.842 da segunda dose), de acordo com as informações disponibilizadas pelas secretarias de Saúde. Nesta quarta, foram aplicadas 523.208 primeiras doses e 404.057 segundas. Isso significa que somente 15,51% dos brasileiros maiores de 18 anos tomaram a primeira dose e só 5,05%, a segunda.
Com informações da Folha de S.Paulo, UOL e G1