
Sete em cada dez brasileiros, ou mais de 150 milhões de pessoas, dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento. Os dados constam da Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada na última sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados referentes ao ano de 2019 — portanto antes da pandemia do novo coronavírus.
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A pesquisa mostrou que, no ano passado, 59,7 milhões de pessoas, o correspondente a 28,5% da população do país, possuíam algum plano de saúde, seja ele médico ou odontológico. Dessa forma, 71,5% dos brasileiros não figuram como contratante de qualquer plano privado de saúde, e têm no sistema público de saúde sua única possibilidade para tratamentos, atendimento hospitalar, e outros serviços de saúde.
Levando em consideração apenas os planos médicos, a proporção de brasileiros cai para 26%, ou seja, 74% do país depende exclusivamente da saúde pública.
“As estimativas da PNS 2019 apontam, também, uma relação direta entre a cor ou raça e nível de instrução e a cobertura de plano de saúde, destacando-se, nesse sentido, as pessoas brancas ou com ensino superior com as maiores proporções de cobertura”, diz o IBGE.
Sem mudanças significativas
Não houve mudança significativa quando os dados são comparados à última pesquisa do gênero, publicada em 2013 pelo IBGE. As mesmas desigualdades de sete anos atrás foram detectadas: as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste registram maiores proporções de pessoas com planos de saúde; Norte e Nordeste têm as menores proporções de cobertura dos planos de saúde complementar.
Os técnicos que desenvolveram o estudo afirmam que os números mostram “forte dependência da população brasileira em relação aos serviços de saúde pública, uma vez que 71,5% das pessoas não têm acesso à saúde suplementar”.
Desigualdade
Dentro das regiões, as desigualdades são ainda mais latentes. Enquanto São Paulo e o Distrito Federal apresentam proporções de pessoas com planos médicos particulares muito acima da média nacional, com 38,4% e 37,4% dos moradores com planos de saúde, respectivamente, os estados do Maranhão (5,0%), Roraima (7,4%), Acre (8,3%) e Amapá (8,7%) têm as menores proporções.
“A gente viu que [a proporção de planos de saúde] está diretamente relacionada com o rendimento das pessoas. O plano de saúde é um serviço de luxo, um serviço caro, e, quando a gente tem o SUS para atender, o plano não é a prioridade quando a pessoa tem de fazer escolhas”, diz a pesquisadora do IBGE Maria Lucia França Pontes Vieira, que é coordenadora de trabalho e regimento da pesquisa.
Outra variação observada foi em relação ao grau de instrução. O IBGE afirma que, “quanto mais elevado o grau de instrução, maior, também, a cobertura de plano de saúde, variando, abruptamente, de 16,1% (sem instrução ou com ensino fundamental incompleto) a 67,6% (nível superior completo)”.
Apesar de os dados serem do ano passado, a proporção de brasileiros que depende estritamente do sistema público de saúde joga luz para a importância do SUS no combate à pandemia do novo coronavírus, que já deixou mais de 124 mil mortos e acumula 4 milhões de pessoas contaminadas no país.
Com informações do UOL