
Neste sábado (12), a cidade do Recife celebra quase meio século de existência. A data comemorativa crava o 485º aniversário de criação da capital pernambucana, uma das mais antigas e importantes cidades do Brasil. Conhecida pela sua riqueza cultural e histórica, a cidade litorânea também divide o seu dia com Olinda, que completa seus 487 anos.
Com uma trajetória que confunde-se em muitos momentos com a história do Brasil, Recife também possui um forte elo com o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e com a esquerda nacional.
Eleito em 2020, o governo do socialista João Campos marca a 5ª gestão da sigla na capital nordestina. A primeira foi em 1946, quando o engenheiro Pelópidas Silveira (1915-2008) foi nomeado. Ele foi prefeito novamente em 1955, no que seria a primeira eleição por voto popular na cidade, e em 1963.
Em um resgate e projeção, o Socialismo Criativo relembra o passado e mira no futuro em uma das maiores alianças socialistas.
Cidade histórica
Mais antiga entre as capitais estaduais brasileiras, o Recife surgiu como “Ribeira de Mar dos Arrecifes dos Navios” no ano de 1537, na principal área portuária da Capitania de Pernambuco, a mais rica capitania do Brasil Colônia, conhecida em todo o mundo comercial da época graças à cultura da cana-de-açúcar e ao pau-brasil.
No século 17, a cidade foi por vinte e quatro anos a sede da colônia de Nova Holanda, que teve como um dos administradores o conde Maurício de Nassau. Após a expulsão dos neerlandeses, feita na Insurreição Pernambucana, o Recife emerge como a cidade mais importante de Pernambuco, tendo uma grande vocação comercial influenciada principalmente pelos comerciantes portugueses, os chamados “mascates”.
A atual área metropolitana do Recife foi palco de muitos dos primeiros fatos históricos do Novo Mundo: no Cabo de Santo Agostinho ocorreu o descobrimento do Brasil pelo navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón no dia 26 de janeiro de 1500; na Ilha de Itamaracá estabeleceu-se, em 1516, o primeiro “Governador das Partes do Brasil”, Pero Capico, que ali construiu o primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia na América portuguesa; e o Recife foi o primeiro porto de pessoas escravizadas das Américas.
Dentre as suas muitas alcunhas atribuídas, “Veneza Brasileira” é a mais conhecida. O romancista francês Albert Camus esteve no Recife em 1949 e comparou a capital pernambucana a outra cidade italiana ao descrevê-la, em seu livro Diário de Viagem, como a “Florença dos Trópicos”.
Aliança socialista
Assim como o seu estado, que tem uma hegemonia socialista de 20 no governo de Pernambuco, Recife possui uma longa história com o PSB. A capital foi governada cinco vezes por socialistas: Pelópidas da Silveira (1946, 1955 a 1960 e 1963 a 1964 ), Miguel Arraes (1960 a 1963), Jarbas Vasconcelos (1986 a 1988), Geraldo Júlio (2013 a 2016 e 2017 a 2020) e João Campos (atual prefeito).
A gestão de Pelópidas, o primeiro prefeito da sigla, foi marcada pela priorização das obras viárias, a instalação do ônibus elétrico e a higienização das feiras públicas. O ex-prefeito também abriu as audiências públicas e estimulou a formação de associações de bairros.
Recife também foi gerida por um maiores líderes da esquerda brasileira, Miguel Arraes. Durante seu governo, diversas melhorias foram implementadas na capital, entre as mais famosas estão: criação do Movimento de Cultura Popular — programa para educar jovens e adultos pobres da periferia do Recife, sob a coordenação de Paulo Freire —, criação do Acordo do Campo — pacto pela diminuição dos conflitos sociais no campo e garantia de mais dignidade aos agricultores —, investiu na construção e na ampliação de estradas, do saneamento básico e do setor elétrico. Construiu dezenas de lavanderias, chafarizes e colunas públicas em vários bairros populares do Recife, além de mais de 62 mil metros de linhas distribuidoras de água e 5,6 mil metros de coletores de esgoto.
Em suas duas gestões como prefeito, Jarbas Vasconcelos incentivou um modelo de gestão com ampla participação da população através do programa “Prefeituras nos Bairros“. Muitos consideram esse programa como a base do orçamento participativo que será implementado em muitos municípios do Brasil nas décadas seguintes.
Também com dois mandatos, Geraldo Júlio implementou e investiu em vários setores da cidade. Na educação, o destaque vai para projetos como o Prouni Recife, que viabilizou cursos superiores para estudantes da rede pública, além do Passe Livre, que disponibiliza crédito para os alunos utilizarem a rede coletiva de transporte. Na saúde, Geraldo construiu o Hospital do Idoso e o Hospital da Mulher.
Ações de combate à desigualdade social, e acolhimento aos menos favorecidos foram tomadas por sua gestão, como a construção dos Centros Comunitários da Paz (Compaz), que têm como foco principal a prevenção à violência, inclusão social e fortalecimento comunitário.
Em seu segundo ano como prefeito, o filho de Eduardo Campos coleciona grandes feitos na capital pernambucana. O enfrentamento à desigualdade social, a transformação digital em sua gestão e o enfrentamento da pandemia da Covid-19 durante o curto período fizeram seu trabalho à frente da prefeitura ser aprovado por 70% da população e se tornaram destaque na revista internacional Americas Quartely. Em suas iniciativas mais recentes, Campos criou o programa Qualifica Pré-Natal, para redução da mortalidade materna no contexto da pandemia de Covid-19 , e o Recentro, programa de revitalização do centro da cidade, que é o coração econômico, histórico e cultural da capital.
Para o futuro, o administrador municipal anunciou a construção de quatro novos Compaz no Recife e o investimento de R$148 milhões em um conjunto de intervenções com o objetivo de minimizar os impactos das futuras chuvas na cidade.
E é com uma história de companheirismo que soma 20 anos que o Socialismo Criativo parabeniza a cidade do Recife.