Os trabalhadores com renda familiar até dois salários mínimos são os que mais relatam perda de rendimento

Quase metade dos brasileiros viu a renda familiar diminuir com a pandemia, releva pesquisa do Datafolha. Publicada nesta sexta-feira (21) na Folha de S. Paulo, estudo constata redução da renda familiar em 46% dos brasileiros. Outros 45% dizem que renda ficou igual, e 9% tiveram aumento, mesmo em meio à crise.
Quando analisado por faixa de renda, os trabalhadores com renda familiar até dois salários mínimos são os mais afetados, 48% relatam perda. O percentual diminui para 46% entre família com renda entre dois e cinco salários, a 36% para aqueles com renda entre cinco e dez salários e a 34% para os profissionais cujas famílias ganham mais de dez mínimos.
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Por tipo de ocupação, assalariados sem registro são os que mais relatam perda de renda familiar (61%), seguidos por empresários (56%) e autônomos (54%).
Auxílio emergencial
Segundo o IBGE, o auxílio emergencial provavelmente explica em parte esse aumento de renda em meio à crise. As regiões Nordeste e Norte, que concentram a maior proporção de pessoas em extrema pobreza, começaram a receber o auxílio durante a pandemia. O valor do benefício pode chegara R$ 1.200 por família, ante média de R$ 190 do Bolsa Família.
Ainda segundo o Datafolha, entre os entrevistados que receberam pelo menos uma parcela do auxílio, 60% relatam perda de renda familiar devido à pandemia, outros 27% dizem que a renda ficou igual e 13% relatam que aumentou.
Redução de jornada
A diminuição nas horas trabalhadas também afetou mais os de baixa renda do que os de alta renda. Cerda de 42% dos brasileiros com renda familiar de até dois salários mínimos dizem que tiveram a jornada reduzida. Em contrapartida, esse percentual cai a 16% entre aqueles com renda familiar acima de dez salários.
Dados da pesquisa Pnad Covid-19 1° IBGE, em junho, já revelavam a dificuldade do home office para a população com menos acesso à educação. Estudo mostrou que 37% das pessoas com ensino superior ou pós-graduação estavam trabalhando remotamente, comparado a 0,6% das pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto, 1,4% das pessoas com fundamental completo ou ensino médio incompleto e 7,3% das com médio completo ou superior incompleto.