por André Nunes de Medellín/Colômbia em 05/11/2018.
Iniciativas como a Ruta N atraiu a Accenture, empresa de tecnologia que possui escritórios em Curitiba e Porto Alegre.
Responsável por praticamente 8% do PIB colombiano e com menos de 10% de sua população (3,9 milhões de habitantes na região metropolitana), Medellín tem se tornado a preferida para investimentos no país. Das dez companhias de maior valor na bolsa de valores da Colômbia, seis possuem sedes na capital da Antioquia. E o volume de aportes vem crescendo: nos últimos anos, se multiplicou por seis o número de eventos corporativos na cidade – a exemplo do Medellín Lab 2018, que chegou ao fim na sexta-feira (2). Realizado pela agência de cooperação ACI Medellín, em parceria com o Banco Mundial, em quatro dias de atividades o laboratório de experiências apresentou diferentes desafios e perspectivas da realidade da “cidade paisa”, com método participativo que leva os estrangeiros a vivenciar pessoalmente as transformações.
Segundo a diretora executiva da ACI, Catalina Restrepo, algumas razões explicam os atrativos de Medellín no exterior. “Somos um povo resistente, trabalhador, criativo e inovador. Estimulamos não só o empreendedorismo, mas as ações e sociedades globais. Nosso maior orgulho é a EPM, empresa pública que presta serviços de água, saneamento, energia e gás natural, com enfoque na sustentabilidade. Hoje, a EPM possui 12 filiais colombianas e 22 internacionais, com a matriz em Medellín e muitos dos recursos direcionados para projetos na cidade”, explica. Outro aspecto importante, de acordo com Restrepo, é a sinergia perceptível e frutífera entre o poder público, a iniciativa privada, a academia e os cidadãos. “Nossa relação com o governo é próxima e direta, com muito diálogo. Temos um conselho em que todos esses setores discutem soluções para a cidade. É um acordo tácito, sem regulamentações, para o benefício mútuo de Medellín. É grande a sensação de pertencimento que isso gera entre os cidadãos e os estrangeiros que aqui chegam”, enfatiza a diretora. Dados da ACI Medellín revelam que o investimento na cidade chega a US$ 2 bilhões, com 26% oriundos dos Estados Unidos e 5% do Brasil – sendo a maior fatia brasileira no setor de telecomunicações (68%).
Criada em 2011 como uma espécie de ecossistema de inovação e integração entre startups, universidades, setor público e privado, a Ruta N (foto) recebe atualmente 2% do PIB do departamento da Antioquia para investimentos em ciência e tecnologia. “Um em cada três empregos gerados em 2017 foi resultado de atividades de tecnologia e inovação. Hoje temos 232 empresas de 31 países instaladas na Ruta N, além de fomentar a indústria criativa e do setor de micro e pequenas empresas”, pontua Restrepo. Uma dessas empresas é a Accenture, que oferece serviços tecnológicos, operacionais, estratégicos e de consultoria para clientes de variados perfis. “Atuamos na Colômbia há 20 anos, sendo 10 em Medellín. Mas só nos instalamos fisicamente na cidade há três meses, em boa parte pela existência da Ruta N, verdadeiro polo atrativo de inovação. Temos 300 funcionários e pretendemos dobrar ou triplicar este efetivo até o ano que vem”, projeta Marco Ribas, presidente da Accenture na Colômbia. No Brasil, a empresa possui escritórios em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, além de um centro de inovação e fabricação de software em Recife.
*O jornalista viajou a convite da ACI Medellín para a cobertura do evento.
Fonte: www.amanha.com.br